Modelo Fitogeográfico da Bacia do Rio Grande
Coordenador: José Roberto Scolforo
contato: scolforo@ufla.br
Projeto Modelo fitogeográfico para as Áreas de Preservação Permanente da Bacia do Rio Grande, em Minas Gerais. As florestas desempenham um importante papel no ciclo hidrológico de uma bacia hidrográfica, as formações de topos dos morros, por exemplo, são responsáveis por proteger as áreas de recarga e regularizar a vazão dos cursos d’água. Com isso, previnem as enchentes na época das chuvas e impedem a seca dos rios na época da estiagem. As matas ciliares, por sua vez, mantêm uma relação ainda mais estreita com os cursos d’água, já que protegem o canal de drenagem do assoreamento, estabilizam as margens dos rios e produzem inúmeros efeitos positivos para a ictiofauna. Assim, estudos que visam avaliar a situação dos remanescentes florestais e das áreas de preservação permanente dentro de bacias hidrográficas são fundamentais para fins de preservação da biodiversidade, para o conhecimento sobre a ocorrência de espécies para fins de recomposição e para conservação da disponibilidade de água, recurso esse fundamental para a sociedade. O trabalho aqui proposto caracteriza-se por ser desenvolvido em cinco fases. A primeira consiste no diagnóstico da situação das áreas de preservação permanente (APPs) ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (BHRG) dentro do estado de Minas Gerais, visando identificar a extensão das áreas com e sem cobertura de vegetação, ou seja, adequadas ou não a legislação vigente que as protege. Para isso, será feito o mapeamento dos cursos d’água utilizando imagens de satélite, e delimitada as APPs, visando contabilizar a área ocupada em conflito de uso. Na segunda fase, será feito o diagnóstico da atual situação dos remanescentes florestais, descrevendo os biomas e as fitofisionomias predominantes, a área coberta por vegetação e identificando aquelas em que serão realizadas amostragens para conhecimento das espécies vegetais predominantes e estudos sobre a diversidade. Na terceira fase, será realizada a amostragem em remanescentes florestais nativos, e com o banco de dados resultante do inventário florestal dessas áreas, serão realizados estudos sobre composição florística, suficiência amostral, fitossociologia, diversidade, equabilidade e similaridade entre as comunidades, estrutura diamétrica e de distribuição da altura no dossel, distribuição das espécies e as relações com variáveis ambientais, para o desenvolvimento do modelo fitogeográfico para a bacia, que estabelecerá os grupos de espécies indicadas para os planos de recuperação. Na quarta fase, será avaliada a mudança do uso dos solos desde a década de 70, 10 anos depois da construção da principal represa da Bacia - Furnas, até os dias atuais, visando identificar a área de vegetação perdida, o crescimento das áreas voltadas para a agricultura e a expansão das cidades, informações básicas para o entendimento do atual estado de conservação da área. Por fim, na quinta fase, propõe-se a realização de um estudo sobre estoque de carbono, ciclagem de nutrientes e incorporação de matéria orgânica no solo que ocorre nas áreas cobertas por vegetação nativa, através do acompanhamento da produção e decomposição da serapilheira, camada formada por folhas, flores, frutos e caules em decomposição, que se forma sobre o mesmo, e ali permanecem até serem decompostos pelos processos físico-químicos e bióticos, e pela biomassa dos diferentes compartimentos da floresta. Como produtos deste trabalho, pretende-se elaborar estudos científicos que servirão como base para políticas públicas voltadas à recuperação e conservação de áreas degradas ao longo da bacia, contribuindo dessa forma para que o país cumpra as metas estabelecidas em acordos internacionais sobre redução do desmatamento, conservação e restauração de ecossistemas florestais.