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Pesquisadores da UFLA investigam locais ideais para investimentos em usinas termoelétricas baseadas em resíduos florestais para geração de energia elétrica renovável

Por Lucas Gomide e Luciano França

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Fonte - mosaico de imagens: Reuters Events Sustainable Business, Potencial Florestal, INPO.

Há cada vez mais demanda global em direção a transição da matriz energética para fontes de geração elétrica renovável, especialmente diante do atual estado de emergência climática. A biomassa florestal por exemplo, é considerada uma poderosa fonte renovável de matéria-prima. Entretanto, é um desafio para o setor florestal a utilização desse recurso, tendo em vista variações como taxas distintas de crescimento das árvores, localização dos projetos, custos, níveis distintos de densidade da madeira, logística no suprimento da fábrica, competição pelo uso da terra entre segmentos do agronegócio, dentre outros.

Diante dessas evidências, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, do Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (LEMAF) da Universidade Federal de Lavras e associados ao Group of Optimization and Planning (GOPLAN) (https://labforestplan.wixsite.com/goplan), estão a desenvolver um modelo para determinar os locais adequados, os tamanhos ótimos e o número ideal para instalação de usinas termoelétricas baseadas em resíduos gerados nas atividades de colheita de florestas plantadas no Brasil.

Os pesquisadores acreditam que através de um modelo matemático de programação linear inteira mista, será possível resolver com precisão o problema de localização das usinas termoelétricas para geração de bioeletricidade e fomentar o desenvolvimento econômico do setor florestal. Essas e outras hipóteses estão sendo investigadas pelos pesquisadores. Sob a orientação do Professor Dr. Lucas Rezende Gomide, a pesquisa é parte do desenvolvimento de doutorado do estudante Luciano Cavalcante de Jesus França.

Um dos objetivos da pesquisa conduzida no LEMAF - UFLA é também oferecer ao país um modelo matemático capaz de maximizar a oferta de empregos associados à indústria de base florestal, sobretudo em regiões menos favorecidas economicamente. Inicialmente, a partir de uma detalhada modelagem geoespacial e geração de um zoneamento da aptidão territorial, resultados preliminares obtidos pelos pesquisadores, já revelaram que cerca de 39.06% da área de estudo no sul de Minas Gerais tem alguma restrição legal ou socioambiental, resguardando o caráter ético e de sustentabilidade dos projetos termoelétricos em instâncias reais, e que dentre um conjunto das terras disponíveis, quase 20% têm aptidão média a alta para receber a implantação de usinas termoelétricas.  

Com os resultados, os pesquisadores agora esperam obter um modelo matemático que possa identificar e otimizar os locais candidatos, com base em questões econômicas, ambientais e sociais, e com isso fornecer orientação técnico-científico para políticas e norteamento para o desenvolvimento destas usinas e de novos projetos silviculturais. A pesquisa tem sido conduzida desde 2018, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e UFLA.

 

Qual o potencial do setor florestal brasileiro para geração elétrica?

O Brasil tem 9,0 milhões de hectares de árvores plantadas (em 2019), enquanto 6,97 milhões de hectares de eucalipto com 35,3 m³ / ha.ano, segundo a Industria Brasileira de Árvores (IBÁ, relatório 2020). A cadeia produtiva de base florestal brasileira tem incentivado a diversificação de sua economia para gerar empregos, renda e consolidar políticas de desenvolvimento sustentável. Além disso o país possui extensas áreas plantadas com rotações mais curtas e a maior produtividade do mundo.

Atualmente o principal exemplo de geração elétrica a partir de biomassa florestal, é a Usina Termoelétrica (UTE) Onça Pintada, empreendimento da companhia de celulose Eldorado Brasil, em Três Lagoas (MS). A usina terá capacidade de 50MW e sua produção será totalmente vendida para a rede pública.

A Eldorado foi uma das vencedoras do leilão A-5 da Aneel, realizado em 2016, para geração de energia elétrica, e tem prazo até esse ano de 2021 para entrar em operação, a Aneel pagará R$ 251 por megawatt produzido em usinas movidas por biomassa. Dessa forma, o negócio se torna viável para a Eldorado, que completa o ciclo de 100% de exploração do cultivo de eucalipto no Mato Grosso do Sul.

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UTE Onça Pintada, Três Lagoas (MS). Foto: Reprodução de www.jpnews.com.br

Ao utilizar como combustível para a caldeira, biomassa triturada proveniente principalmente de raízes e tocos – e eventualmente – galhos e madeiras picadas – descartados do processo de fabricação de celulose, a UTE Onça Pintada obterá proveito de sinergias geradas pelas áreas de florestas plantadas para produção de celulose da Eldorado.

Segundo a Eldorado, assim que for concluída a fase de comissionamento, serão realizados os testes finais juntos ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e terá início a atividade comercial da usina. A energia será entregue ao sistema elétrico nacional, via Ambiente de Contração Regulado (ACR).

 

Quantas usinas termoelétricas existem no Brasil?

Atualmente existem 271 usinas à biomassa em operação no Brasil, o que representa 12,7 gigawatts em capacidade, segundo dados da CCEE. A maioria funciona à base de bagaço de cana. O potencial representa quase uma usina de Itaipu, que soma 14 gigawatts em potência instalada.

No setor florestal, a Eldorado está liderando o processo de energia verde no Brasil. Além da UTE Onça Pintada, a empresa já tem projeto para mais duas usinas também no Mato Grosso do Sul. A Onça Pintada será a primeira usina de geração e energia a partir de biomassa florestal a produzir essa quantidade de energia.

 

Com informações de:

https://labforestplan.wixsite.com/goplan

IBÁ – Industria Brasileira de Árvores. Relatório IBÁ 2020 (Ano base 2019). São Paulo, 2020.  Available in: < https://iba.org/datafiles/publicacoes/relatorios/relatorio-iba-2020.pdf>. Access in: 09-10-2020.

https://tissueonline.com.br/eldorado-brasil-deve-inaugurar-a-usina-onca-pintada-neste-mes/

https://www.campograndenews.com.br/economia/primeira-usina-movida-a-tocos-e-raizes-dopais-inicia-operacao-em-ms

https://www.perfilnews.com.br/onca-pintada-apesar-de-paralisacao-em-razao-da-pandemia-cronograma-da-termeletrica-esta-mantido/

https://www.poyry.com.br/not%C3%ADcias/poyry-desenvolve-engenharia-detalhada-da-usina-termeletrica-onca-pintada-da-eldorado-em

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